Magnificat
Lucas 1:46–55
Então, Maria disse:
A minha alma engrandece ao Senhor,
e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador;
porque deu atenção à condição humilde de sua serva.
A partir de agora,
todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
porque o Poderoso fez grandes coisas para mim;
o seu nome é santo.
E a sua misericórdia passa de geração para geração
sobre os que o temem.
Manifestou poder com o seu braço;
dispersou os que eram arrogantes nos pensamentos do coração;
derrubou dos tronos os poderosos
e elevou os humildes.
Aos famintos encheu de bens,
e de mãos vazias mandou embora os ricos.
Auxiliou Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia para com Abraão
e sua descendência para sempre,
como prometera aos nossos pais.
O Cântico de Maria
John Stott
Desde o sexto século a Igreja tem demonstrado uma apreciação especial pelo Cântico de Maria e incluído o Magnificat em suas liturgias. Porém, isso levanta uma importante questão: como podemos cantá-lo? O cântico expressa a admiração de uma virgem hebraica por ter sido escolhida por Deus para dar à luz o Messias, o Filho de Deus. Como podemos fazer nossas as palavras e Maria? Não seria inadequado de nossa parte?
De forma nenhuma. Já há vários séculos que a experiência de Maria, apesar de ter sido uma experiência única, tem sido reconhecida como a experiência típica de todo cristão. O Deus que fez grandes coisas por ela tem também derramada generosamente sua graça sobre nós. Maria parecia estar ciente disso, pois o início do cântico está na primeira pessoa (“minha” e “meu”), porém, mais adiante ela passa à terceira pessoa: “Sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração” (v. 50). Tal como acontece no Cântico de Ana, escrito após o nascimento de Samuel, no Cântico de Maria Deus inverte os valores humanos. Podemos constatar isso através de dois exemplos:
Primeiro, Deus destrona os poderosos e exalta os humildes. Ele agiu assim como faraó e com Nabucodonosor, ao resgatar Israel do exílio. Ele continua agindo assim hoje. Se nos colocarmos de joelhos ao lado do publicano arrependido, Deus nos exaltará e nos aceitará com seu perdão.
Segundo, Deus despede os ricos de mãos vazias e enche de coisas boas os famintos. Maria sabia, através do Antigo Testamento, que o reino de Deus haveria de vir, e esperava ansiosamente por esse dia. Um anseio profundo no coração é condição indispensável para a bênção espiritual, enquanto que uma arrogante autossuficiência é o seu maior inimigo.
Se desejarmos herdar as bênçãos de Maria, devemos cultivar as mesmas qualidades demonstradas por ela, especialmente um espírito humilde e um profundo anseio pelas coisas espirituais.